Depoimento preparado
a pedido dos alunos da
Licenciatura em Educomunicação (ECA-USP)
Considero-me
educomunicadora por vocação por ter cultivado ao longo da minha vida a
experiência dialógica, da escuta e do confronto. Nem sempre foi fácil manter
essa postura. Entretanto, o reconhecimento do outro, de sua história e de suas
possibilidades sempre estiverem presentes com um impulso muito forte no sentido
de dar o primeiro passo para que a comunicação dialógica se manifestasse.
O
primeiro contato consciente que tive com a inter-relação Comunicação/Educação
se deu em 1998 quando participava do grupo salesiano da Equipe
de Comunicação Social da América (Ecosam) e optamos por trabalhar na tríade
Comunicação/Educação/Cidadania o continente americano.
Desde
então, a equipe passou a estreitar relações com organismos latino-americanos
que estivessem atentos a essa realidade, dentre os quais o Núcleo de
Comunicação e Educação (NCE-USP) a partir do ano 2000. Com a assessoria do
professor Ismar de Oliveira Soares, elaborou-se uma Proposta de Educomunicação
para a Família Salesiana (2000), assumida pelas escolas salesianas do
continente (2001) e pela Rede Salesianas de Escolas do Brasil (2002).
Sendo
uma das nove representantes brasileiras da Ecosam e na qualidade de coordenadora
de Comunicação Social da insPAZ, em Cuiabá-MT, passei a
articular programas e projetos educomunicativos para os membros da organização
– irmãs salesianas – educadores e estudantes das escolas particulares,
estaduais (sob a gestão do grupo) e indígenas. Atuei mais incisivamente na Escola
Madre Marta Cerutti,
em Barra do Garças-MT, como vice-diretora e coordenadora de pastoral – área que
promove o espaço para o protagonismo juvenil e formação para a comunidade
educativa.
Nesta
escola durante os anos de 2001 e 2002, realizamos projetos educomunicativos
envolvendo alunos e educadores, dentre os quais: Construção
da Língua Portuguesa ao longo dos tempos – um projeto interdisciplinar desencadeado pelos
professores de Língua Portuguesa; e Educomunicação
em Língua Portuguesa e Artes
– envolvendo os professores dessas duas disciplinas.
Ao sair
da instituição em 2003, segui por outros caminhos, mas a Educomunicação me
acompanhou, levando-me ao projeto pessoal do Portal Educacional Aprendaki
(2005-2010). Minha atuação como gestora de Educomunicação & Jornalismo
promoveu um espaço aberto e democrático para educadores, estudantes,
instituições e assessorias de imprensa divulgarem suas notícias que se
transformam também em conteúdo pedagógico. Outra frente de atuação foram os
cursos de formação continuada no EAD.Aprendaki (2007-2010) numa abordagem sócioconstrutivista e
educomunicativa.
Somente
em 2010 é que ingressei no Mestrado em Ciências da Comunicação na linha de
pesquisa Educomunicação – que se transformaria no ano seguinte em Comunicação e
Educação. Sob a orientação do professor Dr. Ismar de Oliveira Soares, realizei
a investigação sobre a aproximação da organização
salesiana ao conceito de Educomunicação.
Atuo no
curso de especialização Mídias na Educação (MEC-UFPE-NCE/USP) como tutora e
orientadora de monografias imprimindo uma postura educomunicativa à mediação
tecnológica e pedagógica do processo comunicativo que leva os cursistas à
vivência da comunicação dialógica. Sou pesquisadora colaboradora do NCE-USP e
Sócia Fundadora da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em
Educomunicação (ABPEducom) e professora universitária em curso de Comunicação
Social.
Iniciei
esse depoimento dizendo que sou educomunicadora por vocação porque, antes da
formação acadêmica que me credenciasse para tal, atuei numa organização que se
preocupava com a comunicação dialógica e o protagonismo juvenil. Uma das
primeiras ações que realizei (1994-1995) ao ingressar foi a realização de um
jornal da escola com um grupo de alunos, o Jornal
Sem Nome – que após votação de todos os alunos da escola se tornara Jornal 100nome. Nessa experiência, hoje
percebo o conceito educomunicativo se manifestando, atuando e levando os
agentes do processo comunicativo à produção de cultura, de aprendizagem e de
transformação do seu entorno: a escola.
Enfim,
sou jornalista formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo
(UFMT, 2000), especialista em Educação a Distância (Senac-RJ, 2008) e Mestra em
Ciências da Comunicação (ECA-USP, 2012).
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