15 de jun. de 2008

TICs, uma nova postura na educação

As novas tecnologias de informação e comunicação vieram para ficar, fazer história e ser um marco decisivo no processo de educação brasileira e mundial. No entanto, esta nova realidade exige posicionamentos, posturas e muito treinamento para que educadores, estudantes e instituições possam se beneficiar desse progresso. Isso porque a incorporação das tecnologias na prática educacional traz em seu cerne desafios e dificuldades, como registra Andrea Filatro em seu livro “Design instrucional contextualizado – educação e tecnologia”.Tecnologias da informação e comunicação (TICs), mediação tecnológica, educação mediada por computadores, educação a distância e ambientes virtuais de aprendizado são alguns dos termos utilizados por aqueles que querem fazer um diferencial na educação do século XXI. E para ser diferente é preciso ser multimídia. Não é mais razoável utilizar apenas internet e música. É preciso propor situações em que aconteça a convergência entre mídias como o rádio, a televisão, a fotografia, o cinema.


Fenômenos como o Youtube, Orkut, blogs e fotoblogs vêm enriquecendo a prática educacional de maneira significativa. Nesse sentido surge a educomunicação como uma nova postura dialógica, interdisciplinar e interdiscursiva, mediada por computadores em vista de uma educação não tradicionalista em que alguém detém o poder da fala, da persuasão e despeja em outro ser que deveria apenas escutar, ser persuadido e obediente.

Segundo o pesquisador do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, Ismar de Oliveira Soares, “a educomunicação designa um conjunto de ações voltadas para a criação de ecossistemas comunicativos abertos e criativos em espaços educativos, favorecedores tanto de relações dialógicas entre pessoas e grupos humanos quanto de uma apropriação criativa dos recursos da informação nos processos de produção da cultura e da difusão do conhecimento. O novo campo apresenta-se como interdiscursivo, interdisciplinar e mediado pelas tecnologias da informação,” argumenta.

Esse novo campo de atuação que converge educação e comunicação para o âmbito educacional, tem áreas de atuação para atingir todas as potencialidades do processo educacional formal ou não-formal. O ensino a distância entraria na área de mediação tecnológica. Mas para isso, é preciso afastá-lo do conceito de tecnologia educativa utilizado atualmente e que revela uma prática mecanicista e funcionalista da educação em vista de um conceito que amplie o coeficiente comunicativo de todos os atores sociais.

Outra preocupação de Soares é que instituições utilizem os conceitos para mascarar uma prática tradicionalista carregada de marketing educacional e que se afaste da questão dialógica. “A nossa perspectiva sempre é a construção dialógica. Então, a educomunicação resgata, por exemplo, o conceito de educação construtivista. Somos construtivistas e somos dialógicos, obedecendo aos parâmetros de Paulo Freire com relação a suas metas para a educação,” conclui.

Filatro registra preocupação semelhante no que se refere à questão de benefícios reais das práticas educacionais mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Já que hoje a discussão no mundo educacional já não está mais em adesão/rejeição da informática. “A questão se desloca agora para as transformações na natureza do ensino e da aprendizagem, para as novas relações com o conhecimento e entre os atores do processo educativo, para a realização de projetos interdisciplinares, para novas modalidades de educação mediada por tecnologias,” expressa.

Em suma, estamos diante de uma questão que exige posicionamento crítico, aprofundamento e atitude para mudança. Deixar de lado uma prática tradicionalista de ensino que segue uma linha vertical de transmissão de conhecimento para algo horizontal em que convergem todas as contribuições dos atores do processo educativo, é desafiador. O educador será significativo, se conseguir abrir-se a essa nova realidade, sendo capazes de ouvir seus alunos e encontrar significado naquilo que eles dizem, produzem, questionam e propõem. Não é fácil, mas é a solução para uma educação de qualidade carregada de sentidos e de significados.

* Este artigo também pode ser lido no Blog.Aprendaki, no Blog Cibercidadania, no Portal Educacional Aprendaki.com.br e no Recanto das Letras

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