O neologismo foi utilizado, inicialmente, pela Unesco para designar as práticas de “educação para a comunicação” por meio de uma leitura crítica dos meios de comunicação na década de setenta. Enquanto que o designativo “educomunicador” fora utilizado por Mario Kaplun em sua proposta de comunicação educativa no Uruguai.
Todas as práticas desenvolvidas estavam fundamentadas na proposta de educação libertadora tendo Paulo Freire como um agente mobilizador. Essa perspectiva desembocava no exercício da cidadania, levando os atores sociais a realizarem suas atividades partindo de reflexões do universo cultural.
Ao final da década de noventa, o Núcleo de Comunicação e Educação (NCE-USP) realizou uma pesquisa com esses profissionais e com pesquisadores que começam a estudar a interface Comunicação/Educação, chegando a identificar que emergia um novo campo interdiscursivo, dialógico e aberto diferente dos campos da Comunicação e da Educação.
Dessa forma, o neologismo foi ressignificado. O coordenador do Núcleo, professor Ismar de Oliveira Soares, divulgou a pesquisa definindo a Educomunicação como um conjunto de ações inerentes ao planejamento e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos. Tudo isso para melhorar as ações comunicativas no ambiente educativo a partir de recursos midiáticos e tecnológicos.
Nessa ocasião ficou evidente que os trabalhos educomunicativos facilitavam o diálogo e os processos comunicativos fluíam com mais intensidade, tornando o ambiente de convívio mais agradável. Era a construção do ecossistema comunicativo. Esse trabalho se materializa através de áreas de intervenção, cujo sentido era o de transformação do entorno social.
Devido a essa pesquisa, o conceito foi se legitimando na sociedade brasileira e tornando-se política pública que passou a melhorar as relações dentro da escola através de projetos como o “educom.rádio” (São Paulo) e o “educom.rádio.centro-oeste” (Centro-Oeste) – em Mato Grosso, esse projeto possibilitou a criação de uma lei que garantiu programas de rádio nas escolas de ensino médio do Estado.
Então, que tal aventurar-se pelas trilhas desse paradigma? A cada semana, mais doses educomunicativas.
* Antonia Alves é professora do Curso de Jornalismo da Unemat, sócia fundadora e membro da diretoria da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom), com mestrado em Ciências da Comunicação pela ECA-USP. antoniaalves@unemat.br
Coluna mensal do site Fato & Notícia - 10/07/2016
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