14 de jun. de 2008

Dos PCNs à Educomunicação

Dez anos dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs – elaborados a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de transversalidade de conteúdos e de possibilidade de inserção da comunicação e suas tecnologias dentro da escola para contribuição com a aprendizagem. Será que podemos contabilizar grandes passos na interdisciplinaridade, no construtivismo, na interatividade?

A interdisciplinaridade, amparada nos fundamentos teóricos do construtivismo e interacionismo, vem subsidiar os educadores em seus projetos pedagógicos. Para Piaget o conhecimento é conseqüência das ações e das interações do sujeito com o objeto de conhecimento (construtivismo). Enquanto que para Vygotsky o aprendizado envolve sempre a interação entre os sujeitos e por tal motivo, elegeu a linguagem para mediação dessas interações (interacionismo).


Motivada pelos temas transversais, a escola pode abrir alas ao estudo da produção e recepção dos meios de comunicação, passando pela leitura crítica deles e da mediação dos mesmos. Com isso, marca o fim de uma história de medo e ousadia na qual, ora ela buscava os meios de comunicação para criticar ora repelia-os por medo ou desconhecimento.

É nesse contexto de estudo da mídia como mediação tecnológica (utilização das tecnologias em sala de aula com intencionalidade educativa), mediação de produção (como os programas são produzidos e os interesses contidos ali) e mediação da recepção (como os usuários recebem, negociam e reelaboram as informações) que surge com força a educomunicação.

Computador com acesso à internet, virtualidade e comunidades virtuais, televisores, rádios, vídeos, CDs, DVDs, MP3, iPod e tantos outros instrumentos de comunicação, além de serem aproveitados como transmissores de comunicação podem ser portadores de interatividade e de produção. Isso mesmo, os estudantes podem se apropriar dessas tecnologias para produzirem conhecimento, programas, técnicas e disseminar sua produção dentro da escola e no seu entorno. Eis que surge a educomunicação como novo campo de intervenção social capaz de gerir processos comunicativos no ambiente escolar.

Faz parte do passado aquela velha cena em que o aluno entrava na rede, pesquisava, copiava e colava no editor de texto, imprimia o trabalho escolar, entregava ao professor e ficava aguardando uma nota avaliativa. Com a chegada da nova geração de internet – a Web 2.0 – o internauta interage no conteúdo de sites e portais, colocando informações, imagens, sons, vídeos. Assim, a internet traz grandes contribuições à educação, aos educadores e educandos. É hora, então, dos educadores se avaliarem: como estamos ensinando nossos estudantes a se apropriarem do conhecimento da web em benefício próprio e de sua comunidade?

Afinal, o que é educomunicação? Segundo Ismar de Oliveira Soares, o “papa” do assunto no Brasil – e no mundo – “é conjunto de ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos em ambientes educativos presenciais ou virtuais, assim como melhorar o coeficiente comunicativo das ações educativas, incluindo as relacionadas ao uso dos recursos da informação no processo de aprendizagem”.

Toda escola pode trabalhar a educomunicação em sua prática escolar. Não precisa fazer uma transformação radical no início. Pode começar com projetos, programas em algumas disciplinas, como também em atividades extra-classes. É importante lembrar que as relações entre os sujeitos – estudantes, educadores, dirigentes, técnicos – devem se distanciar do autoritarismo e se amparar no diálogo, no respeito às diferenças, na interatividade, na colaboração e na construção coletiva e produções do conhecimento.

Em outras palavras, vamos deixar que os Parâmetros Curriculares Nacionais dêem as referências para a escola brasileira. Entrem com ousadia nas salas de aula. Motivem os educadores a construir conhecimento interativo com seus estudantes para que estes possam ser agentes de transformação da sociedade e da cultura através da cibercidadania planetária.

Antonia Alves é jornalista e educomunicadora. É gestora de educomunicação e jornalismo no Portal Educacional Aprendaki (www.aprendaki.com.br).
Este artigo também pode ser lido no Blog.Aprendaki, no Blog Cibercidadania, no Portal Educacional Aprendaki.com.br e no Recanto das Letras

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