17 de abr. de 2010

Literacia informacional: do “copia/cola” à contextualização crítica


Em "Inclusão Digital e Literacia Informacional em Ciência da Informação", artigo de Armando Malheiro da Silva, publicado na revista Prisma.com, nº 7 de 2008, organizado em 28 páginas, tem-se o delinear de um paradigma que se constrói de maneira interdisciplinar na pesquisa em Ciência da Informação (C.I.) na convergência das pessoas e da inclusão digital com a literacia informacional no comportamento informacional.
Subdividido em três partes abrange a epistemologia da C.I., as competências das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e o projeto eLit.pt"Literacia Informacional no Espaço Europeu do Ensino Superior" em sua fundamentação teórica e contextualização.
Na última parte, fica evidente o caminho do programa pelo esboço traçado pelo autor, fazendo sua contextualização a partir de sua geração-alvo (geração net), das questões essenciais relacionadas ao contexto (pessoal e escolar), utilização de biblioteca (da faculdade/escola e pública) e da utilização da internet, recuperação e seu uso, sugerindo um programa que envolva princípios, conceitos e procedimentos.
“Literacy” – alfabetização digital – termo em inglês que significa uso das capacidades cognitivas e críticas nos EUA. Segundo os “Standards de Competências em Literacia Informacional”, a literacia é entendida como a "capacidade crítica de buscar, avaliar, escolher e usar informação nos mais diversos contextos". Isso significa que dominar os requisitos de manipulação da informática e da navegação na Internet não garantem domínio da literacia informacional, que exigem convergência entre as competências instrumentais, cognitivas e crítica das pessoas.
Com o surgimento da literacia informacional, o bibliotecário acumulava as funções de agente que atua sobre o letramento e facilitador, o que poderia levar o usuário ao desânimo ou à frustração. Com a inclusão digital foi preciso agregar novas competências relacionadas às TICs ao processo do pesquisar, pois surgia um novo perfil de usuário, o “nativo digital” que tem nova configuração cerebral para interagir com os aparatos tecnológicos diferentemente dos imigrantes digitais – nascidos anteriormente à década de 1980.
Para ilustrar essa realidade cita pesquisas que têm sido realizadas sobre o assunto que apontam para a metáfora do “Cérebro 2.0”. Aborda os conceitos de informação e comunicação aliados às competências das TICs que precisam ser respaldos pela pesquisa científica.
Fala da diferenciação do termo mediação que vai do embasamento na língua e códigos da representação mental e emocional aos tipos que contemplam a comunicação no espaço social às mediações institucionais e estratégias de comunicação.
Nesse universo em que as competências individuais tornam-se coletivas pela aprendizagem, surge uma nova perspectiva de mediação plural e colaborativa com ênfase no usuário-cidadão que desencadeia em competências fundamentadas na info-inclusão digital. É nesse cenário que se desenvolve o eLit.pt que atua como plano e ações curriculares a melhorar o comportamento informacional dos estudantes, mas isso só acontecerá se eles estiverem predispostos à mudança de conduta.
Do artigo ao resultado: geração “copia/cola”
Apesar de extenso, o artigo deu pouco espaço ao projeto enquanto sua metodologia de trabalho e abrangência geográfica, dando-se maior destaque à questão da alfabetização informacional. Tendo sido desenvolvido entre junho/2007 e dezembro/2009, os investigadores foram relatando ao longo do projetos seus resultados preliminares.
Em pesquisa realiza entre maio e outubro de 2008 constatou-se que os jovens utilizavam muito a Wikipédia, quase nunca bibliotecas digitais e uso de websites de bibliotecas. Seguindo a mesma tendência foi confirmada que o uso de bibliotecas é baixo com exceção para os universitários que frequentavam bastante a biblioteca acadêmica.
Contudo, a surpresa veio mesmo com a divulgação do resultado na Revista do Jornal de Notícias de Portugal, o Notícias Magazine”, de 31/01/2010, material disponibilizado por José Sá. Estamos diante de uma geração “copia e cola” que não recorre à articulação nem validação crítica dos dados obtidos e realizam o plágio com naturalidade.
E mais: estão satisfeitos com o resultado de suas pesquisas superficiais. Seu progresso no desempenho tecnológico não caminhou em igualdade de condições com as competências no processo de busca, seleção, uso e transformação das fontes de informação no momento da pesquisa.
“Ficam satisfeitos com os primeiros resultados das buscas. Manifestam uma postura acrítica das fontes e dos resultados obtidos”, observa Malheiros. Se essa geração “sente-se auto-suficiente porque dominam o acesso e as condições de acesso tecnológico, a solução para os educadores seria propor atividades que exercitassem suas capacidades cognitivas e informativas com a informação que obtêm.
Que tal aprofundar a literacia informacional? Dê uma navegada Manual da Literacia da Internet, produzido pelo Council of Europe, e acesse o conteúdo formativo que se coloca como um guia para educadores. Dentre o destaque encontram-se as seis dimensões de capacidades e competências da literacia: funcional, técnica, audiovisual, dos media, social e cultural.

* Antonia Alves - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo.

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